Contra perda de pacientes, clínicas criam rede popular

Marcelo Justo/Folhapress
SAO PAULO, SP, BRASIL, 03.ago/2017, 10h30: Elizabete Inazaki é gerente geral do Centro Clínico Santa Maria. Ela conta que ouve queda de 30% no movimento nesse ano, causado pela queda do número de pacientes de planos de saúde. A rede terá 50 clínicas e irá unir esforços para fazer investimentos em marketing e centralizar atendimento. (Foto: Marcelo Justo/Folhapress) "MERCADO"
Elizabete Inazaki, gerente do Centro Clínico Santa Maria, em São Paulo (SP)

FILIPE OLIVEIRA
DE SÃO PAULO

Para reagir à perda de pacientes de planos de saúde e ao avanço das redes populares, clínicas paulistanas vão se unir para divulgar serviços e oferecer consultas mais baratas, de R$ 90 a R$ 120.

A Rede Integra já une 54 clínicas e começará fazer os primeiros atendimentos a partir de outubro.

O segmento de redes com preços populares tem rápida expansão, apostando em unidades em locais de grande movimento, agendamento on-line e tecnologia para dar eficiência à gestão.

O Dr.Consulta, rede fundada em 2011 e que tem preços a partir de R$ 110, já possui 39 unidades, 12 delas abertas neste ano. A Docctor Med, criada em 2009 e que oferece atendimentos a partir de R$ 60, tem 48 centros médicos, 9 inaugurados em 2017.

A Rede Integra, que terá central de atendimento telefônica e por aplicativo, é liderada pelo Sindhosp (sindicato paulista de hospitais, clínicas e laboratórios).

Presidente do sindicato, Yussif Ali Mete Jr. diz que a iniciativa deve ajudar clínicas a aproveitar melhor sua capacidade de atendimentos, que não vem sendo totalmente usada.

Alexandre Merofa, executivo que dirige a rede, afirma que as clínicas associadas irão ratear custos como propaganda e tecnologia, levando em conta o porte de cada uma.

Nos primeiros meses, as contribuições devem variar entre R$ 250 e R$ 1.000.

Segundo ele, será possível, conforme a rede se desenvolver, criar novas parcerias, como para compra equipamentos com desconto ou troca de melhores práticas.

MAIS PACIENTES

A adesão à rede traz expectativa de aumento de movimento para Elizabete Inazaki, gerente-geral do Centro Clínico Santa Maria, na zona leste de São Paulo.

Com 19 especialidades e capacidade de atender 16 mil pessoas por mês, a clínica vem recebendo só cerca de 10 mil.

Segundo ela, o movimento caiu 30% neste ano pressionado pelo desemprego, que fez recuar o número de pessoas com planos de saúde, que representam 80% das consultas da clínica.

De dezembro de 2014 a dezembro de 2016, 2,7 milhões de pessoas deixaram de ter convênio de saúde, segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Hoje, 47,7 milhões possuem planos.

A consulta na Santa Maria custa de R$ 150 a R$ 260. Mesmo com atendimento mais barato a partir da rede, Inazaki diz que será possível fechar as contas caso consiga aumentar seus pacientes.

“As clínicas da rede já prezam pela qualidade, pelo bom atendimento. A união nos deixará mais fortes”, diz.

 

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